QUADRINHOS PIPOCA E NANQUIM – Jujuba ATÔMICA

Eu estava para fazer esse vídeo há muito, muito tempo, aí eu fui me enrolando, me enrolando e os livros acabaram acumulando Não mais! Porque hoje a gente vai falar sobre os livros que eu tenho da editora Pipoca e Nanquim

É agora mesmo, então se liga aí! Oi, eu sou Gustavo Cunha e hoje eu queria mostrar para você alguns lançamentos da editora pipoca e nanquim que eu tenho e que eu acho extremamente interessantes por serem muito diferentes Em primeiro lugar falando de uma forma um pouco mais abrangente, eu acho simplesmente sensacional a qualidade dos lançamentos deles Eu já disse aqui várias vezes e vou dizer de novo que eu sou um fã incondicional do Bruno, do Alexandre e do Daniel, por conta do amor que esses caras têm pelos quadrinhos e pela forma como eles se dedicam a esse trabalho de trazer essas histórias tão diferentes com uma qualidade que é simplesmente excepcional Em segundo lugar, porque eles tem lançado coisas que são muito diferentes em termos de narrativa, mas ao mesmo tempo, são sempre trabalhos premiados lá fora Os dois primeiros livros que eu queria mostrar são livros sobre os quais eu já fiz vídeos aqui no canal, então, eu não vou me demorar muito neles, que são esses dois aqui

Moby Dick do Chabouté e o Marada – A Mulher Lobo Moby Dick é simplesmente uma das histórias mais importantes de todos os tempos Essa aqui é a versão em quadrinhos do Christoph Chabouté, que é simplesmente fenomenal O que acontece, cara, Moby Dick é, em última análise, a mais perfeita metáfora já escrita sobre obsessão Sobre até onde ela é capaz de conduzir um ser humano

Essa obsessão aparece na forma de uma baleia branca, extremamente agressiva, que destroça navios baleeiros em uma determinada região do oceano Pacífico Há muitos anos atrás, o capitão Ahab, o comandante do baleeiro Pequod, encontrou essa baleia e durante a luta, a baleia acabou arrancando uma perna dele Desde então, a única coisa que passa pela cabeça do capitão Ahab é encontrar novamente essa baleia e fazer ela pagar pela afronta A história é contada do ponto de vista de um marujo novato chamado Ishmael, e o único amigo de verdade que ele tem no meio dessa desparate todo é um arpoador que, curiosamente, também vem a ser um canibal, chamado Queequeg Aos poucos essa obsessão do capitão vai passando também para a tripulação do Pequod, que tá completamente isolada no meio do mar há meses e passa ver a missão do capitão como a missão de cada um deles

Esse é um dos efeitos nefastos da obsessão Não importa o preço que o capitão vai pagar no final das contas, não importa quantas vidas da tripulação dele vão ser perdidas pra que ele finalmente vença esse monstro, ele tá disposto a ir até o fim do mundo pra acertar as contas com Moby Dick Eu vou deixar o vídeo que eu fiz sobre Moby Dick, que, obviamente é bem mais detalhado, aqui em cima nos cards pra você assistir depois Depois disso, nós temos Marada, a Mulher Lobo, que é uma história de espada e feitiçaria muito bacana, que tem o roteiro do Chris Claremont Os desenhos são do John Bolton, que já fez ilustrações para histórias do Robert E

Howard, do Conan E o trabalho de luz e sombra dele nesse quadrinho é simplesmente fantástico A história se passa nos primeiros anos do império Romano, logo após a queda da república A Terra é palco do encontro entre guerreiros, feiticeiros e demônios Nessa terra de ninguém vive a personagem principal do quadrinho, que se chama Marada Starhair, ou Marada Cabelo de Estrela, que descende dos césares de Roma, mas que teve o trono usurpado da sua família

Ela nasceu em uma noite de tempestade e tem os cabelos cor de prata Sim, qualquer semelhança com a Daenerys Targaryen não é mera coincidência porque o JRR Martin é assumidamente um grande fã de espada e feitiçaria e com certeza tirou muitas coisas dessa história aqui, que foi publicada pela primeira vez em 1982

A história acompanha as aventuras da Marada, que já é conhecida em todo o império romano como a Mulher Lobo, por conta da sua ferocidade como guerreira Ela não costuma deixar pedra sobre pedra Porém, nesse exato momento, essa guerreira se encontra com o espírito quebrado, uma sombra da guerreira que ela já foi Alguma coisa aconteceu no passado dela, que deixou a queridíssima Marada completamente acabada Ao longo da história, nós vamos descobrindo o que aconteceu

E é uma coisa bem pesada, diga-se de passagem Porém, um novo incidente vai colocar essa condição dela em xeque e ela vai ter que voltar a ser a mesma Marada destemida que as histórias contam Do contrário, uma mal ainda pior vai se abater sobre ela São três contos que foram publicados separadamente lá fora, mas os guris do Pipoca colocaram todos os três aqui nessa edição Então, aqui você tem a história completa da Marada, com o roteiro do Chris Claremont e a arte do John Bolton

Eu também fiz um vídeo só sobre esse quadrinho, que tá aqui em cima nos cards pra você assistir depois E agora a gente passa para as coisas novas A primeira novidade é um quadrinho muito delicado, que também é do Chabouté, de Moby Dick É esse aqui, Um Pedaço de Madeira e Aço É um quadrinho que tem toda essa grossura aqui e não tem absolutamente nenhum diálogo

Porque o Chabouté torna as palavras literalmente desnecessárias Basicamente é a vida, a passagem do tempo, sob a perspectiva de um banco de praça Isso mesmo Então, você tem encontros e desencontros, pessoas velhas, pessoas novas, pessoas apressadas, sonhadores, loucos, ladrões… Todas essas pessoas passando por esse banco e compartilhando um determinado momento das vidas delas com ele Um momento sempre muito breve, obviamente

E o Chabouté vai alternando esses breves momentos, que às vezes são de partir o coração, com outros momentos muito engraçados e tendo sempre como peça central, como elemento de ligação, esse banco de praça E, obviamente, por não ter diálogos, todas as imagens desse quadrinho são extremamente carregadas de significado É simplesmente impossível você não entender o que ele está querendo dizer em cada quadro Existem alguns personagens que vão se repetindo nessa história, passando várias vezes por esse banco e você, a partir daí, a gente começa a acompanhar as histórias dessas pessoas Mas sempre sob essa perspectiva do banco, ou seja, daquele breve momento que elas compartilham com ele

Então, você vai tendo a noção da passagem do tempo e das transformações nas vidas dessas pessoas, e até mesmo das transformações dessas pessoas enquanto pessoas, porque o Chabouté torna você uma parte da narrativa Ele vai aproximando você dos personagens, fazendo você notar que eles estão às vezes um pouco mais velhos e assim por diante Mas sempre de uma forma muito sutil É um quadrinho muito tocante É um quadrinho que faz você pensar muito sobre aquelas pessoas que passaram pela sua vida, aquelas que ficaram, aquelas que significaram muito durante um tempo e agora não significam mais

Aquelas que foram importantes e aquelas que você pensou que eram importantes, mas não eram tão importantes assim no final das contas Aquelas que deixaram saudades Aquelas que você poderia ter tratado melhor É um quadrinho que faz você se conectar com os vários momentos da sua própria vida E tudo isso sem nenhum balãozinho de diálogo

Então, esse é Um Pedaço de Madeira e Aço, do Chabouté, do Pipoca e Nanquim Ah, sim, os links pra você comprar todos esse livros vai estar aqui embaixo, na descrição do vídeo, certo? E se você realmente tiver a intenção de comprar algum deles eu peço que você use esse link que está aqui embaixo, porque isso me ajuda demais a manter o canal do ar Seguindo a gente tem uma obra que é cem por cento surrealismo Que é Conto de Areia, do Jim Henson – o cara que criou os Muppets, dirigiu Labirinto, aquele filme fantástico com o David Bowie, entre outras coisas Essa história é a adaptação de um roteiro no qual o Jim Henson estava trabalhando, mas que ele não chegou a produzir

Na época em que ele estava trabalhando em Conto de Areia, o Jim Henson já tinha concorrido a um Oscar e tinha começado a tomar gosto por obras surrealistas Rapidamente, pra você entender, o surrealismo é um movimento artístico lá da década de vinte que enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa Ele e completamente desvinculado da lógica, da razão Pra simplificar, pensa no sonho mais sem pé nem cabeça que você já teve na vida Se esse sonho um dia fosse adaptado em um filme, esse filme ia ser um filme surrealista

Daí, você já pode ter uma ideia da dificuldade de se adaptar um roteiro surrealista e transformar isso em um quadrinho Que foi exatamente o que o canadense Ramón K Pérez fez com Conto de Areia O Ramón K Pérez é o cara que fez X-Men durante um tempo e também fez o Gavião Arqueiro

Não é pouca coisa Esse roteiro estava engavetado justamente pela dificuldade de se transformar a história em um filme Dessa forma, depois que o Jim Henson morreu, a família dele acabou descobrindo esse roteiro entre as coisas dele, e quis dar vida a essa história Um filme continuava sendo inviável de ser feito e, se você ler o quadrinho, você vai entender o motivo É uma sucessão desabalada de acontecimentos totalmente surreais acontecendo de forma insana com o protagonista da história

E quando eu digo insano, é realmente insano A história começa em uma cidadezinha do oeste dos Estados Unidos Durante uma celebração, o personagem principal, que se chama Mac descobre que, por algum motivo, ele é a razão daquela celebração O povo tá fazendo toda aquela festa pra ele Nesse momento, o xerife da cidade leva o Mac para delegacia e mostra um mapa pra ele

E diz que o Mac precisa alcançar um lugar conhecido como a Montanha da Águia Só que nem nós e nem o protagonista sabemos porque ele precisa fazer isso E a partir do momento em que ele cruza uma determinada linha, a corrida começa e o Mac descobre que ele tá participando de uma caçada na qual o prêmio é a vida dele Daí em diante, as características oníricas da história só vão aumentando O Mac passa a ser perseguido pelo deserto por todos os tipos de criaturas, de leões africanos a jogadores de futebol americano, passando por tanques de guerra e afins

E também vai se deparando com as situações mais absurdas E isso é justamente a característica surrealista da história E a velocidade que o Pérez imprime na história, o ritmo que ele dá é simplesmente vertiginoso As cores são sensacionais e forma que o Pérez desenha é tão experimental quanto o próprio roteiro do Jim Henson Só pra você ter uma idéia, o quadrinho começa com o roteiro se mesclando com o quadrinho

O Pérez não se fixa em nenhum elemento pra conduzir a história, ele não se prende a nenhuma amarra E uma coisa interessante é que o quadrinho tá em formato de um caderno de anotações, que é o que os roteiristas usavam na época do Jim Henson Ele próprio usava um caderno de anotações assim Demais, né? Então, esse aqui é o Conto de Areia do Jim Henson, que é uma obra de arte do surrealismo E, por último, a gente tem mais uma obra sensacional, que é completamente diferente de todas as outras

É o último lançamento do Pipoca e Nanquim, pelo menos é o último que eu tenho aqui, que é A Arte de Charlie Chan Hock Chye Esse quadrinho é uma obra de arte, ganhou três prêmios Eisner, o Oscar dos quadrinhos E quando você folheia esse quadrinho você descobre porque ele foi tão premiado O Sonny Liew inventou esse personagem chamado Charlie Chan Hock Chye, que é um quadrinista fictício E é o maior quadrinista da história de Singapura, mas é fictício

Dessa forma, o Sonny Liew vai apresentando uma biografia com todos os trabalhos desse quadrinista fictício que hoje tem 70 anos de idade e que começou a desenhar com 16 E é óbvio que a produção desse quadrinista, o Charlie Chan, corre paralelamente e reflete os acontecimentos políticos e sociais de Singapura, bem como as descobertas dele de outros artistas O Sonny Liew usa esse personagem para em última análise contar a história dos quadrinhos e de Singapura Só que a forma como ele faz isso é uma das coisas mais brilhantes que já foram feitas nos quadrinhos Porque ele simplesmente inventa toda uma obra, toda uma produção artística, que teria sido desenvolvida ao longo de cinco décadas de trabalho desse quadrinista fictício

Incluindo toda a evolução nos traços e no estilo e nas temáticas dele Quando você pega esse quadrinho pela primeira vez a primeira impressão que você tem é que ele é o resultado da colaboração de vários artistas, porque os traços e estilos são absurdamente diferentes Mas tudo o que tem aqui é trabalho único e exclusivo do Sony Liew Dá a impressão que o cara sofre daquele transtorno de múltiplas personalidades, e todas essas personalidades são ilustradores… porque são várias técnicas diferentes, todas elas muito bem exploradas A história é conduzida na forma de uma entrevista que o autor está fazendo com esse personagem fictício, o Charlie Chan

Então, além da obra do personagem, você vai conhecendo também um pouco da personalidade dele e de algumas histórias que ele conta sobre o passado dele como quadrinista em Singapura e também sobre todas as coisas que inspiraram ele O que faz desse quadrinho aqui um verdadeiro tratado sobre quadrinhos Porque esse personagem fictício vai falando sobre vários autores, roteiristas e ilustradores de verdade que influenciaram a técnica e a narrativa dele Vai dos mangás do fim da segunda guerra até o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller E, como leitor, você vai aprendendo tudo isso, sobre os estilos, sobre as técnicas e sobre os artistas

E uma aula sobre quadrinhos Então, essa aqui é a quinta e última obra de arte que o pessoal do Pipoca e Nanquim trouxe pra gente Nao esquece de se inscrever no canal deles, porque tem videos simplesmente sensacionais la sobre quadrinhos Tem um video epico sobre Jack Kirby, uma aula sobre Crise nas Infinitas Terras Cara, e demais

Então tá, não esquece de compartilhar esse vídeo com os seus amigos, se inscreve aqui no canal e ativa o sininho para o Youtube avisar você sempre que tiver vídeo novo por aqui E eu também queria convidar você pra se inscrever no meu Instagram, pra você conhecer um pouco mais sobre o outro lado da minha vida como o vocalista de uma banda de eventos Cara uma vez mais, muito obrigado e até a próxima