O Homem Que Caiu na Terra | RESENHA

Imagine uma sociedade que durante séculos consumiu os recursos naturais do seu planeta indiscriminadamente até que um dia esses recursos se esgotam E a beira da extinção, a única saída dessa sociedade é mandar uma única pessoa a um planeta alienígena com um plano desesperado que é a sua única esperança de salvação

O nome desse planeta alienígena? Terra Oi, eu sou Gustavo Cunha e hoje é dia de falar de livro! Um livro muito envolvente chamado O Homem que Caiu na Terra, da editora Darkside… E antes que você pergunte, sim, esse aqui é o David Bowie Mas antes de falar sobre o livro eu gostaria de pedir pra você se inscrever aqui no canal e habilitar as notificações pra ficar sabendo sempre que sair uma novidade por aqui Dizem que a gente nunca deve julgar um livro pela capa, né? Mas nesse caso eu vou ter que discordar porque essa edição de O Homem que Caiu na Terra da Darkseid tá muito linda cara… OFF: Eu fiz umas imagens mais de perto pra mostrar pra você Esse projeto com laranja preto e branco ficou sensacional Você pode ver que as páginas aqui também são cor de laranja

E o mais bacana de tudo, que é uma coisa que eu adoro nos livros da Darkside, que é isso aqui… essa fitinha que serve de marcador de página… Mas o que interessa é o que tá escrito no livro, né? O Homem que Caiu na Terra é um livro do Walter Tevis, foi escrito em 1963 e tá sendo relançado agora pela editora Darkside Esse é um livro de ficção científica, mas mesmo sendo um livro de ficção científica, é um livro sem perseguições de naves, explosões ou descrições de futuros utópicos Dá pra dizer que ele tá mais pra um drama existencial de ficção-científica É um livro mais cerebral e não de ação A história do livro é a seguinte: OFF: Nos anos 80, a sociedade do planeta Anthea se encontra à beira da extinção

Eles consumiram todos os recursos naturais e não tem mais combustível, energia e água Os poucos remanescentes dessa civilização extremamente avançada só tem uma opção de sobrevivência, reunir o que sobrou de combustível no planeta deles para mandar uma nave com um único tripulante ao planeta Terra, pra que ele possa, sozinho, colocar em prática um plano pra salvar o povo de Anthea E o plano é muito simples Ele precisa, no espaço de cinco anos, ficar milionário e usar esse dinheiro pra desenvolver alguns processos industriais que a humanidade nunca viu pra que seja possível obter a tecnologia pra construir uma nave que sirva como um bote salva-vidas, que seja capaz de viajar até Anthea e trazer de lá os trezentos sobreviventes daquele mundo à beira da perdição Esse antheano que chega à Terra adota o nome de T

J Newton e ele usa o seu intelecto superior e os dados que ele trouxe do planeta dele pra fazer fortuna com as patentes das invenções que ele cria aqui E assim, ele vai desenvolvendo a tecnologia terrestre e construindo, secretamente, uma nave gigantesca no interior do Kentucky Quem viveu o TJ

Newton no cinema em uma adaptação de 1976 foi o David Bowie, que tá aqui na capa do livro E é interessante que o autor descreve o personagem do livro de 63 e você tem a nítida impressão que ele tá realmente descrevendo o David Bowie Embora o autor não fizesse a menor idéia de que um dia haveria um David Bowie, porque o Bowie só ia começar a despontar em 1969, com uma música chamada Space Oddity, que, curiosamente contava a história do Major Tom, um astronauta que começa a se tornar deprimido quando é mandado em uma missão no espaço Olha que coincidência! A descrição do Tevis do TJ

Newton é, sem tirar nem por, uma descrição do Bowie Além de ser extremamente inteligente e educado, ele é andrógeno, alto, esguio e caminha com uma fluidez que parece não natural… É o David Bowie! O TJ Newton tem uma constituição física mais delicada por causa da gravidade do planeta dele, Anthea, e isso faz com que o ambiente da Terra, principalmente a gravidade, exerça uma pressão opressiva sobre ele Ao ponto de que um simples elevador que suba um pouco mais rápido possa fazer com que ele quebre um osso

Tudo na Terra é exagerado do ponto de vista dele, a luz, o calor, a gravidade e, até mesmo, a abundância de recursos como a água E essa pressão ambiental, aliada à pressão constante da missão crucial da qual depende toda a raça dele, começam a transformar o personagem ao longo desses cinco anos E aos poucos ele começa a se desgarrar do propósito inicial

Ele vai sendo aos poucos absorvido por essa humanidade contagiosa, e começa a ser tragado pelo álcool e pela solidão Ele começa a questionar a própria identidade Na medida em que ele precisa se parecer humano, colocando lentes de contato e unhas postiças por tanto tempo que ele acaba não se sentindo mais pertencente a Anthea, assim como também não pertence à Terra Uma das coisas que ele começa a questionar é se vale realmente a pena trazer o povo dele para um lugar que, de certa forma, também tá à beira da extinção OFF: Nos anos sessenta, quando o livro foi escrito, a guerra fria estava no seu auge, a humanidade vivia à beira do apocalipse nuclear, e isso é um assunto recorrente no livro, mesmo com a história se passando nos anos 80

O medo de de que a qualquer momento uma guerra nuclear pudesse começar Só um ano antes do lançamento do livro, em 1962, uma guerra nuclear realmente deixou de acontecer por questão de detalhe OFF: Um episódio que ficou conhecido como a Crise dos Mísseis de Cuba Em 62, em resposta ao mísseis nucleares instalados na Turquia e na Itália pelos Estados Unidos, a União Soviética resolveu que ia instalar uma base de mísseis nucleares em Cuba Esses mísseis soviéticos ficariam a apenas 145 quilômetros do território americano… Bem no quintal do Tio Sam

OFF: Os Estados Unidos, obviamente, anunciaram que se esses mísseis chegassem ao território cubano, isso seria uma declaração de guerra Uma guerra nuclear OFF: Aos 45 do segundo tempo, um acordo fechado às pressas conseguiu evitar o fim do mundo Essa história é muito bem contada naquele filme Treze Dias Que Abalaram o Mundo, com o Kevin Costner Então, como você pode ver, no ano em que o livro foi escrito, as pessoas realmente achavam que o mundo poderia não durar muito tempo

E essa perspectiva de ter pouco tempo restando faz o autor colocar no livro ainda mais essa carga existencialista, OFF: em que os personagens se perguntam o tempo todo qual o sentido da vida que eles vivem, qual o propósito deles, ao mesmo tempo em que não conseguem, ou não tem forças pra lutar contra essa angústia e essa solidão Mesmo tendo sido escrito em 1963, esse livro é uma metáfora da vida moderna, OFF: em que nós todos estamos cada vez mais conectados com redes sociais, e com tecnologias que nos colocam em contato com qualquer parte do planeta instantaneamente, e, curiosamente, todas essas possibilidades acabam ocupando o nosso tempo, acabando com as nossas relações, nos deixando cada vez mais fechados e angustiados e solitários… No final das contas você acaba se identificando com esse alienígena que tenta manter a sanidade dele na Terra e através dos olhos dele, você se dá conta de como esse nosso mundo é um lugar estranho e de como as convenções da sociedade acabam às vezes, curiosamente, nos afastando da própria vida em sociedade E quando esse livro termina, você acaba com uma porta aberta pra reflexão Você pode acabar passando por uma mesa de bar onde tem um monte de amigos reunidos e tá todo mundo olhando pra baixo, mexendo no celular… E talvez isso passe a não fazer mais sentido pra você E, se isso acontecer, então é porque valeu totalmente a pena ler esse livro

Bom, por hoje era isso, eu espero que você tenha gostado do vídeo Se você gostou, dá um likezinho aqui embaixo e se inscreve aqui no canal porque toda sexta-feira tem vídeo novo Se você puder também, compartilhe esse vídeo porque isso me ajuda muito a divulgar o canal e manter ele no ar E eu também vou deixar aqui em cima alguns outros vídeos meus pra você curtir, certo? Uma vez mais, muito obrigado, e até a próxima!