LIVROS PRA EXPLODIR SUA CABEÇA VOL.2 | ASIMOV / CRICHTON / GIBSON

Você sabe que leu um bom livro quando vira a última página e sente quase como tivesse perdido um amigo Pois é, e hoje eu trouxe alguns amigos muito legais aqui pra você perder… É agora mesmo então se liga aí! Oi, eu sou Gustavo Cunha e demorou, mas eu voltei com mais um "Livros Pra Explodir a Sua Cabeça"

E, cara, eu trouxe coisas pra todo tipo de leitor, não importa se você tá começando agora a entrar no mundo dos livros, eu se você já lê há algum tempo e tá preparado pra coisas que exijam um pouco mais de fôlego… no sentido literário, é claro E sem perda de tempo, vamos começar com você que tá começando agora a se aventurar nesse mundo fantástico da leitura e tá querendo pegar alguma coisa uma pouco mais leve Pra você, meu amigo, minha amiga, que tal um livro de contos? Parece bom? Vai ficar melhor Que tal um livro de contos do Isaac Asimov? Eu, Robô – Isaac Asimov Esse livro aqui é uma edição da editora Aleph E ele tem nove contos do bom doutor, Isaac Asimov que foram publicados em revistas de ficção científica

Eu, particularmente sou um grande fã não apenas das histórias dele, mas da forma como ele escreve Apesar de fazer várias histórias sobre futuros distantes e máquinas que pensam, ele sempre torna as histórias dele extremamente humanas, extremamente pessoais… Eu sou um apaixonado pela série dos robôs dele, eu até já falei sobre isso em um dos meus primeiros vídeos aqui do canal, que é sobre um dos livros dessa série Bom, se você assistiu ao filme Eu, Robô, aquele com o Will Smith, o filme pega alguns elementos desses contos, mas no geral, não tem nada a ver com o livro Alguns elementos que aparecem tanto no filme quanto no livro são a US

Robots, a empresa americana que cria os robôs e a doutora Susan Calvin Aliás, a doutora Susan Calvin é o elemento de ligação entre todos os contos É ela, já em idade avançada, às vésperas de se aposentar, quem vai contando as histórias sobre os robôs a um jornalista E essas histórias vão sendo contadas em ordem cronológica, desde os primeiros dias da US

Robots até o momento atual do livro, a metade do século 21 Vale lembrar que os contos desse livro foram escritos até 1950 Então, da perspectiva do Asimov, nós agora vivemos no tempo em que se passa o futuro que ele imaginou naqueles contos Infelizmente, robôs caseiros com cérebros positrônicos não são uma realidade pra nós O século 21 dele é bem mais interessante que o nosso

Apesar da idade dos contos, a imaginação do bom doutor vai muito além do que seriam capazes vários escritores de hoje em dia Porque boa literatura não tem idade Não fica velha Então, nós vamos acompanhando a evolução dos Robôs, desde máquinas desajeitadas, limitadas até o futuro no qual elas tomam as decisões econômicas, administrativas e políticas da humanidade E a cada conto, os robôs vão dando passos em direção à evolução, demonstrando níveis cada vez maiores de consciência

Na maioria dos contos, nós temos dois técnicos roboticistas encarregados de testar os novos modelos de robôs, o Donovan e o Powel E eles são muito engraçados, porque os robôs vão colocando eles em várias situações totalmente bizarras, que o Asimov usa pra exercitar algumas questões filosóficas bem ao estilo "ser ou não ser" O meu conto favorito é o terceiro conto desse livro, que se chama Razão Pensa, cara, não é lógico acreditar que um ser inferior poderia criar um ser superior Você acreditaria que um bando de macacos poderia ser capaz de imaginar, fazer os cálculos, produzir e montar um computador? Pois é, nem eu

Isso não é lógico Agora, imagina que você é um robô, o primeiro da sua versão Incrivelmente mais avançado que os seus antecessores Um dia você é ligado O seu cérebro positrônico acende e você é capaz de fazer cálculos absurdamente avançados em nanosegundos

Você poderia administrar uma estação espacial inteira sozinho O seu corpo é feito de um metal capaz de durar por séculos, você suporta facilmente ambientes extremos, não dorme, não fica cansado, utiliza cem por cento da sua energia Você é, pra todos os efeitos, ilimitado e totalmente eficiente Então, um ser baseado em carbono, com um corpo em constante oxidação, que precisa se desligar por oito horas a cada ciclo solar, com uma estrutura frágil, incapaz de suportar ambientes de temperatura e pressão um pouco mais severos, incapaz de existir sem uma concentração específica de oxigênio, que demora anos desde o seu nascimento até se tornar verdadeiramente funcional e com um cérebro orgânico, incapaz de fazer cálculos avançados instantaneamente Esse ser, diz que é o seu criador, o seu mestre

Você ia achar isso lógico? É claro que não Esse é o mote desse conto no qual um robô começa a se questionar sobre os reais planos do Universo pra ele, sobre a possibilidade de um "poder superior" Porque é impossível que existência dele seja resultado das ações aleatórias daqueles seres, pouco mais desenvolvidos que macacos Tem que haver algo a mais Esse conto é basicamente um ensaio sobre a construção da religião, da espiritualidade

O grande problema é que o Powel e o Donovan estão presos com esse robô que acredita que eles tem a mesma importância de um clips de papel em uma estação espacial prestes a ser atingida por uma tempestade solar, que não vai danificar o robô, mas que pode fritar os dois… Então, esse livro é cheio de proposições filosóficas desse tipo e cheio das encrencas em que os dois técnicos roboticistas se metem por causa delas… É muito divertido, assim como todos os livros do Asimov Minha segunda indicação pra você é um livro que foi lançado em 1999 por outro autor que eu gosto muito, chamado Michael Crichton Esse livro se chama Linha do Tempo Michael Crichton infelizmente não tá mais entre nós Mas ele foi um autor muito prolífico e você provavelmente conhece pelo menos de nome algumas obras dele

Entre outras coisas, ele foi o autor de Parque dos Dinossauros, livro que virou a famosa série de cinema do Spielberg Vários livros dele viraram filmes, como Esfera, com o Dustin Hoffman, Congo (que foi um filme terrível) e Sol Nascente, com o Wesley Snipes Ah, e se você curte Westworld, da HBO, fique sabendo que quem criou essa história foi o nosso queridíssimo Michael Crichton aqui

Ele não só escreveu a história como também dirigiu um filme chamado Westworld em 1973… Surpresa, surpresa Essa história aqui também virou um filme, que é até divertido, mas que não chega nem perto da narrativa do livro Além do mais, o livro traz muito mais viradas interessantes que o filme Então, esquece o filme e se concentra no livro Linha do tempo é um livro que trata da física quântica, da realidade subatômica e da revolução sem par que ela representa

Imagina o seguinte No início dos anos dois mil, um grupo de alunos de pós-graduação em arqueologia trabalha em uma escavação na França, sob a coordenação do seu professor-orientador Eles estão desenterrando uma construção que parece ter sido uma espécie de castelo da idade média Curiosamente, o grupo recebe informações precisas de onde procurar as partes do castelo, sendo que o próprio castelo não consta em nenhum registro histórico Essa informações vem de uma instituição científica de ponta nos Estados Unidos

Aparentemente, os cientistas do outro lado do mundo sabem apontar onde os arqueólogos podem encontrar torres, muralhas e câmaras com precisão milimétrica Um dia, o professor e líder desse grupo de jovens volta aos Estados Unidos e simplesmente desaparece De volta à França, ao mesmo tempo em que todos eles ficam extremamente preocupados, uma descoberta deixa todos eles chocados Em um dos sítios que eles acabaram de desencavar, eles encontram um pergaminho… em inglês com a letra do professor E que foi escrito há seiscentos anos atrás

Nesse pergaminho apenas duas palavras: "Me ajudem" A partir daí tem início uma corrida contra o tempo, na qual as fronteiras entre o presente e o passado acabam borradas pelas leis da física quântica E um grupo de resgate precisa voltar seiscentos anos atrás, encontar o professor e trazer ele de volta em um espaço de tempo limitado Do contrário, todo mundo fica preso na idade média pra sempre Como se isso tudo não bastasse, a empresa de tecnologia por trás do que houve esconde também um punhado de segredos que vão adicionar ainda mais perigo a essa expedição

Esse livro começa um pouco lento, enquanto o autor vai posicionando as suas peças, mas depois que a ação começa você simplesmente não consegue parar de ler Então, Michael Crichton, Linha do Tempo, é a minha segunda recomendação de hoje Seguindo adiante, se você já tá em um nível mais avançado de leitura e tá preparado pra coisas mais densas Velho, Idoru, do William Gibson O equivalente literário a ser atropelado por uma locomotiva em chamas, em alta velocidade e carregada de plutônio

Sério, esse é um livro pra explodir a sua cabeça Neuromancer, que também é dele, é muito bom, cara, mas esse livro aqui é o melhor livro do William Gibson que eu já li William Gibson, o autor desse livro é o profeta do cyberpunk, o cara que criou o termo "ciberespaço" e, ao lado do Phillip K Dick, ajudou a moldar o estilo que hoje nós vemos em tantas obras de ficção, que une distopia, a antítese da utopia, com avanços tecnológicos rápidos demais para se ajustarem à sociedade e conglomerados econômicos multinacionais que vão moldando a civilização ao seu bel prazer através do estímulo ao consumo… Ao mesmo tempo em que marginalizam boa parte da população Ou seja, o cyberpunk

A mistura de luzes de neon e degradação William Gibson escreveu, entre outros livros, a trilogia Sprawl, de Neuromancer, Count Zero e Mona Lisa Overdrive Essa trilogia foi o que influenciou mais diretamente os filmes da trilogia Matrix e tudo o que veio depois Porém, o William Gibson também é responsável por uma outra trilogia, chamada Bridge, da qual esse livro aqui, Idoru, é o segundo livro Sobre o livro

Imagina um futuro muito próximo, em que a cultura das celebridades, da influência da mídia, se apropriou da evolução tecnológica pra se tornar total e irreversivelmente onipresente E existe um mercado massivo e mundial que se alimenta de cada aspecto desse novo paradigma Nesse cenário existe uma banda composta por apenas duas pessoas, uma dupla, que são simplesmente o que os Rolling Stones seriam se eles fossem trinta vezes mais famosos, mais ricos e mais influentes… Pra dizer o mínimo Uma banda chamada Lo/REZ, que, mais do que uma banda, se tornou uma corporação, com ramificações em várias áreas econômicas, uma gigante do mundo empresarial O problema começa quando o cantor dessa banda, o Rez, anuncia que vai se casar com Rei Toei, uma Idoru japonesa

No Japão, uma Idoru é um ídolo pelo qual as pessoas são simplesmente obcecadas Mas essa não é a questão A questão é que a Rei Toei, além de ser uma Idoru, é também uma forma de vida sintética, uma inteligência artificial que se manifesta através de hologramas e, basicamente, tá em toda parte O mundo inteiro entra em convulsão com essa notícia A multinacional que é a Lo/REZ contrata o protagonista, Colin Laney, pra descobrir se isso se trata de algum tipo de sabotagem de uma empresa rival

Acontece que o Colin tem um dom pra detectar "pontos nodais", padrões convergentes em meio a toneladas de informação Isso faz com que o Laney seja capaz de predizer eventos futuros na vida de celebridades, como até mesmo um futuro suicídio por exemplo Ao mesmo tempo o fã-clube da Lo/REZ em Seattle despacha a adolescente Chia McKenzie pra Tóquio, pra que ela descubra mais informações sobre o caso, mas ela acaba no meio de uma confusão envolvendo a máfia russa e um esquema de contrabando de nanotecnologia A Tóquio cyberpunk que o William Gibson descreve é simplesmente genial Há algum tempo atrás, um terremoto devastou a cidade, que acabou se reconstruindo dos escombros com a ajuda da tecnologia

Então, os prédios são feitos e mantidos com nanotecnologia, o que significa que, a cada dia, eles podem estar mais altos, ou podem ter mudado de forma Os mundos dentro de outros mundos que o autor vai criando vão delicadamente se tocando à medida em que a trama vai se desenvolvendo E em meio à tecnologia, as cores fluorescentes e o submundo de hackers e contrabandistas de Tóquio, o mundo inteiro vai acompanhando o caso de amor entre um astro de rock e uma Idoru japonesa que é também uma inteligência artificial Quais seriam as consequências disso? Provavelmente as coisas sairiam do controle desse conglomerado em nível mundial que a Lo/REZ se tornou Como controlar a influência digital dessa multinacional com uma variável tão singular e desconhecido quanto uma Idoru nessa equação

A empresa poderia perder muito Se você pensar, a Influência Digital já é uma moeda extremamente valorizada hoje em dia Quer um exemplo? A Thássia, aquela blogueira, virou embaixadora da Audi no Brasil Entre outras coisas, ela ganhou um Audi pra ela só porque a empresa entende que Audi ganha muito associando a sua imagem à imagem da Thássia Tô com inveja de você, Thássia

Quer outro exemplo, mais próximo do nosso mundo? Hoje em dia, quando você se candidata a um emprego, muitas empresas pedem as suas redes sociais, pra investigar você e decidir por ali se você é ou não um candidato adequado Ou seja, a sua vida digital pra algumas empresas passou a valer tanto quanto a sua vida real Ao mesmo tempo em que esse cenário todo é de tirar o fôlego, ele também é assustador, porque é algo muito próximo da nossa realidade Então, ao mesmo tempo em que você fica encantado, hipnotizado, como um inseto com uma lâmpada, com esse mundo que o autor vai descrevendo, é inevitável sentir um certo desconforto quando você se dá conta de que tudo isso tá só algumas casinhas à nossa frente Não é um livro cheio de ação, mas é um livro interessante e cheio de proposições bem inquietantes pra nós, que vivemos nessa sociedade cada vez mais midiática

Tá, eu sei o que você vai dizer "Cara, nada a ver, é viajar demais esse negócio de existir uma pop star digital japonesa, totalmente gerada por computador Ninguém ia comprar uma ideia dessas, não ia dar certo O público quer pessoas de verdade, quer ídolos de verdade" Pois é, se você pensa assim, é um grande prazer pra mim, apresentar pra você a honorável Hatsuni Miko

É, como diria o Nick Fury, O MUNDO ACABA DE FICAR MAIS ESTRANHO… Hatsuni Miko é a primeira da sua espécie Um vocaloid, a personificação de um software de síntese de voz Obviamente, a tecnologia que trouxe ela à vida é um segredo de Estado, mas o fato é que ela tem milhares de fãs… A voz dela é totalmente criada por computador, assim com a de algumas outras cantoras que a gente vê por aí, na televisão É isso aí, cara, o futuro é um banco de dados cheio de cantores digitais que você vai poder programar com estilo musical da sua preferência E não pensa que a Hatsuni é pouca coisa, cara

Ela já abriu pra Lady Gaga e foi até no David Letterman Esse livro vale muito a pena, mas você precisa tomar fôlego antes cair dentro dele, como se toma fôlego antes de pular no mar de cima de um penhasco O autor vai deixando várias lacunas que você tem que ir preenchendo Pode ser um pouco cansativo às vezes, mas se você me perguntar se vale a pena Cara, eu acho que vale muito a pena

Bom, por hoje era isso, eu espero que você tenha gostado do vídeo Não esquece de compartilhar ele se você puder porque isso me ajuda demais Dá o seu like, se inscreve no canal e eu queria convidar você também pra se inscrever lá no meu Instagram Tô sempre colocando bastante coisa por lá E se você quiser conhecer um pouco mais deste que vos fala, você é meu convidado, certo? Uma vez mais, muito obrigado! E até a próxima!