Jurassic Park: A Arte Encontra Um Jeito

Quando os atores do Jurassic Park avistam o primeiro dinossauro e fazem aquela expressão de espanto, eles não estavam só representando a surpresa dos personagens do filme, eles estavam representando também a surpresa de toda uma geração de adultos e crianças que nunca tinha visto algo parecido na vida Jurassic Park não foi a primeira tentativa de dar vida aos dinossauros, esses animais já vinham aparecendo no cinema e na televisão há bastante tempo, mas a questão é que as técnicas que usavam pra representar essas criaturas eram um tanto quanto artificiais

Quando Jurassic Park estreou no cinemas em 1993, ele foi o primeiro filme que conseguiu de fato convencer as pessoas que aquilo que aparecia na tela era real, e isso caiu como uma luva em relação à narrativa do filme Porque, ao mesmo tempo em que os dinossauros representavam algo nunca antes visto para os personagens, eles representavam algo nunca antes visto para o público também Pela primeira vez na história do cinema um tiranossauro era real o suficiente pra virar um carro de ponta cabeça e justificar os sustos de duas crianças Talvez seja por isso que, por mais que os efeitos de computador tenham evoluído desde aquela época, o primeiro filme continua carregando um significado especial Mesmo depois de 24 anos, Jurassic Park ainda é uma referência em termos de efeitos especiais, isso é resultado de um trabalho excelente que combinou arte e tecnologia pra mexer com a imaginação do público

A primeira cena do Tiranossauro Rex fala por si só, tudo nessa cena trabalha em conjunto pra criar uma ilusão A escuridão da noite e a pouca visibilidade da chuva são pretextos pra esconder a transição entre os efeitos de computador e o robô gigante de 9 toneladas que foi criado especialmente pra esse momento Sem contar o design de som, que mistura ruídos de animais sel v4gens, tipo elefantes e tigres, pra deixar o som do Tiranossauro Rex ainda mais real e a$$u$ t4dor

[vamos ao parque?] [juras, que parque?] Mas apesar dos efeitos especiais se destacaram muito, dentro das quase 2 horas de filme, os dinossauros só aparecem durante 14 minutos Nos outros 110 minutos, é o desenvolvimento da trama que faz Jurassic Park ser um filme especial, um filme que vai muito além do conceito da perseguição entre humanos e dinossauros Uma cena que ilustra a profundidade do enredo é o almoço que coloca todos os personagens frente à frente pra discutir se é certo ou errado trazer os dinossauros de volta à vida Durante esse almoço, a gente consegue pegar 3 visões diferentes para o mesmo dilema De um lado, nós temos um velhinho sonhador, o Hammond, que não economizou na hora de erguer o parque

A questão que ele coloca é: se a gente pudesse trazer os dinossauros de volta à vida, por que não fazer isso? O Hammond representa o otimismo de alguém que tem muito dinheiro, mas pouca responsabilidade Do outro lado da mesa, está o Malcon, um matemático pessimista Em contraste com o Hammond que se veste de branco o filme inteiro, o Malcolm se veste de preto, é uma maneira simbólica de representar o quanto esses personagens se opõe: um é sonhador, o outro é pé no chão Durante todo o filme, a postura do Malcolm remete ao Racionalismo, uma filosofia que defende que a fonte do conhecimento é a razão Uma frase famosa que resume o Racionalismo foi dita pelo filósofo Descartes: o famoso “penso, logo existo”

É exatamente isso o que o Malcon faz: ele pensa que erguer um parque de dinossauros não é correto, e apesar de não ter nenhuma prova pra justificar isso, ele se apoia em teorias Por exemplo, mais tarde no filme ele cita a teoria do caos e mostra como uma mesma gota d’água pode escorrer em direções diferentes, e o que ele quer dizer com isso é que é muito difícil prever ou controlar a ação da natureza Quando dizem para o Malcon que todos os dinossauros são fêmeas, que elas não podem se r3 _l4cionar e por isso está tudo sob controle, ele se resume a dizer que não importa, porque Representando um terceiro ponto de vista sobre o assunto, vem o protagonista, o Dr, Alan, que é paleontólogo Quando o dono do parque pergunta o que ele acha sobre os dinossauros, apesar de ficar meio desconfiado, o Alan prefere não dar uma opinião naquele momento Isso porque, ao contrário do Malcolm que observa o mundo através de conceitos e teorias, o Alan é um sujeito que trabalha com evidências Por exemplo, no início do filme, ele mostra como os fósseis de velociraptor lembram a estrutura dos pássaros modernos, o que indica que esses animais têm alguma relação Pra chegar nessa conclusão, o Alan usa provas, no caso a semelhança entre as espécies

Esse tipo de postura remete ao Empirismo, uma filosofia que defende que o conhecimento não vem das ideias, mas sim da experiência Pra uma coisa ser real, ela precisa ser provada Logo, em vez de dizer se o parque de dinossauros é certo ou errado, o Alan, um sujeito empirista, prefere não tirar conclusões precipitadas, ele precisa de provas pra chegar numa conclusão Então o roteiro do Jurassic Park não se apoia só na presença dos dinossauros, existe todo um questionamento filosófico que amarra a história e vai se desdobrando; seja na motivação dos personagens, ou em situações mais sutis Por exemplo, logo no início do filme, no helicóptero, o Dr

Alan não consegue fechar o cinto porque ele está segurando duas pontas fêmeas, e elas não se conectam, mas ele dá um jeito A mesma coisa acontece com os dinossauros do parque, que são todas fêmeas e teoricamente não poderiam s3 r3pr0 duzir, mas acabam dando um jeito também Em outra cena, aparece uma pintura no plano de fundo que faz referência à obra do Pablo Picasso, a Guernica, um quadro que representa os problemas da gue [hrra]

No filme a referência é sobre os problemas de se brincar com a vida dos dinossauros Já o que desencadeia todo o contratempo no parque é uma tempestade, confirmando as teorias do Malcon de que a natureza está acima do controle humano E pra fechar com a cereja do bolo, o que salva a vida dos protagonistas no final é um dinossauro, ou seja, a história termina enfatizando que nesse conflito entre ser humano e natureza, é a natureza que tem a palavra final Como todo pirralho dos anos 90, eu cresci fascinado pelos dinossauros Esse aí que vocês estão vendo no vídeo é o Bronto, o único que sobrou da minha coleção e que eu guardo com bastante carinho, porque ele está aqui desde que eu me entendo por gente

Eu acho que o mais interessante dos dinossauros é que eles ficam nessa linha engraçada, onde eles são reais, mas ao mesmo tempo a gente nunca viu um, então sobra muito espaço pra imaginar A ciência estima que eles habitaram a terra por mais de 150 milhões de anos, enquanto a espécie humana não passou nem dos 300 mil Ou seja, tudo indica que esses animais viveram muito mais do que a nossa espécie, antes que alguma coisa causasse o fim deles Jurassic Park não é uma representação fiel de como essas criaturas eram, mas ele conseguiu fazer jus ao quanto elas são incríveis, combinando um roteiro de qualidade com efeitos que estavam bem à frente do seu tempo E o melhor, essa obra retratou os dinossauros como criaturas poderosas, mas não necessariamente como m0ns

[tros] Então eu acho que a gente pode fazer um paralelo com a própria mensagem do filme porque o primeiro Jurassic Park prova que se a vida encontra um jeito, a arte encontra também [olha esse bichão gente ಥ_ಥ] ♥‿♥ [dinossauros são a melhor coisa] [fala aí] [eu amo dinossauros] [e cá estamos nós novamente Eu e você, no cantinho das legendas] [não é engraçado imaginar que quase ninguém vem aqui? Tipo, esse cantinho é só nosso] [acho que a gente podia começar a compartilhar segredos entre os frequentadores do cantinho das legendas] [eu começo: de vez em quando imito um T-rex e mordo meu bife balançando a cabeça, fazendo sons tipo "aaarg-aaargh-aargh"] [ah, qual é, todo mundo faz isso] [

Não?]