DEMOLIDOR – TEMPORADA 3 REVIEW (COM SPOILERS) | CENA FINAL EXPLICADA – Jujuba ATÔMICA

Oi, eu sou o Gustavo Cunha e antes de qualquer coisa, eu queria dizer que esse é um vídeo com spoilers sobre a terceira temporada do Demolidor que acabou de estrear na Netflix Então, se você ainda não assistiu aos episódios, talvez seja melhor não assistir esse vídeo

Dito isso, eu vou começar esse vídeo com uma pergunta para você Cara, o que foi essa terceira temporada do Demolidor? Sério, uma paulada atrás da outra Em primeiro lugar o cara já começa a temporada todo arrebentado, em nenhum episódio o coitado está 100% Ao contrário, ele só vai ficando mais machucado Você termina cada capítulo pensando: Velho, como é que esse cara continua vivo? Eu só me lembro de ter pensado isso tantas vezes em sequência assim quando eu li o livro do Keith Richards… Mas aquele lá também apaga o Demolidor, né… Essa temporada juntou os vários elementos de todas as histórias clássicas do Demolidor

Mas ela traz referências principalmente à mais clássica das histórias dele nos quadrinhos: A Queda de Murdock, escrita pelo Frank Miller Naquela época, a revista do Demolidor estava pra ser cancelada, quando o Frank Miller assumiu o roteiro e fez dela a revista mais vendida da Marvel Essa temporada foi basicamente uma adaptação da Queda de Murdock, na qual o Rei do Crime descobre a identidade do Demolidor e arma pra destruir a vida dele em todos os níveis, com elementos de outras histórias Aliás, se você tiver interesse nesse quadrinho, eu vou deixar o link dele na descrição do vídeo Ao longo do vídeo, eu vou mostrando alguns momentos que foram tirados dali, como aquele momento em que o Matt acorda no banco traseiro do táxi e acaba sendo jogado no Rio Hudson

Isso aí tá lá nos quadrinhos Demais, né? O grande desafio dessa temporada, com certeza, era ser tão boa quanto a primeira temporada, que na minha opinião foi um marco Quem não se lembra daquela sequência de luta no corredor no segundo episódio da primeira temporada, né? E os caras conseguiram A história começa imediatamente depois dos acontecimentos finais da série dos Defensores, há meses atrás Caso você não se lembre, um prédio desabou em cima do Demolidor

E junto com aquele prédio, veio também o resto do mundo O Matt começa essa temporada tendo perdido a fé A fé nele mesmo, a fé nas pessoas e a fé nos desígnios de Deus O Matt Murdock dessa temporada é um Matt Murdock diferente daquele que a gente tá acostumado E o Charlie Cox é simplesmente milimétrico na hora de representar essa mistura de fúria, desespero e falta de esperança do personagem

Sobre o roteiro dessa temporada, eu achei ele o mais cheio de surpresas e viradas das 3 temporadas É difícil não saber o que esperar de uma série de super-heróis, mas cada capítulo dessa terceira temporada trouxe algum tipo de virada na narrativa Os diálogos são simplesmente excelentes Toda vez que o Wilson Fisk começa a falar, ele deixa as pessoas em transe, não apenas os outros personagens mas também nós do público Você é simplesmente incapaz de dizer se as palavras que estão saindo da boca dele são a mais deslavada das mentiras ou se aquele pode ser o único momento em toda a temporada em que ele está sendo sincero

A dúvida fica sempre no ar Já que eu tô falando do Rei do Crime, vamos falar dos vilões Os caras Conseguiram fazer uma coisa impossível, dois vilões extraordinários na mesma temporada Wilson Fisk, interpretado pelo Vincent d'Onofrio, já é um velho conhecido nosso e foi uma das melhores coisas da primeira temporada Mas o arco dele nessa terceira temporada é simplesmente primoroso, melhor do que na primeira temporada, extremamente bem escrito

É ele quem move a história Uma das coisas geniais dessa terceira temporada é que os roteiristas mostram que o rei do crime estende os seus domínios não apenas trazendo para o lado dele pessoas ruins, mas também pessoas boas, que são forçadas a fazer o que ele quer por conta de chantagem O que é muito mais dramático Muitos dos funcionários do Wilson Fisk trabalham para ele porque são chantageados Olha que coisa sensacional isso

Como esse cara é um tumor, uma chaga Aquela sala com os monitores no hotel também é tirada dos quadrinhos da Queda de Murdock Ficou muito bacana E o Wilson Fisk está sempre cinco passos na frente de todo mundo, e vai manipulando tudo e todos, até chegar ao cúmulo de controlar o próprio FBI Contar uma história assim de uma forma satisfatória é muito difícil, mas essa trama é muito bem construída ao longo de toda a série

Em especial o caso do agente especial Nadeem, que foi sendo desconstruído lentamente, até aquele momento simplesmente sublime na casa da chefe dele, que obviamente também já tinha sido chantageada pelo Fisk Quando ele finalmente aceita trabalhar para o rei do crime Que ele nunca teve nenhuma chance É a inevitabilidade do destino Essa série volta várias vezes a esse tema, é um elemento recorrente

Com o Fisk, com o Matt e com o Dex, o Bullseye, o Mercenário Paralelamente ao arco estupendo do rei do crime, nós temos o arco do Mercenário, que é, como diria um amigo meu aqui de Porto Alegre, totalmente excelente Nós vemos aquele ser humano tentando de todas as formas não implodir, mas que ao mesmo tempo sabe que existe uma escuridão grande demais dentro da alma dele para que um dia ele possa encontrar a salvação E mesmo assim a gente vê o personagem se agarrando as bordas do precipício desesperadamente Mas mesmo assim, eventualmente ele é engolido pelas trevas

E como ele é extremamente bem construído, a gente sofre por aquele pedacinho da alma dele que ainda era bom e que nunca teve a mínima chance Isso, aliás, era a abordagem que eu imaginava que seria muito legal para os filmes do Venom no cinema, Mas isso é conversa para outro vídeo o outro vídeo que eu aliás já fiz a um tempo atrás Enfim, voltando a falar do agente Poindexter, quando ele finalmente se solta como o cover do demolidor, ele não deixa Pedra Sobre Pedra Ele é a antítese perfeita, um negativo, o contrapeso em igual medida para o Demolidor

As habilidades dele são tão brilhantemente exploradas na série quanto as habilidades do Matt Se antes a gente ficava de queixo caído vendo as cenas com o Matt, agora nós ficamos com o queixo duplamente caído, vendo o que o Mercenário é capaz de fazer Uma coisa boa Os roteiristas não se demoraram muito em explicar como foi que ele adquiriu as habilidades dele, e fica implícito que ele simplesmente nasceu desse jeito, da mesma forma que nasceu um psicopata Na minha opinião, esse foi um ponto positivo porque adicionou uma dose de mistério ao personagem

Algumas coisas são mais legais Se não forem explicadas Essa temporada foi literalmente uma aula de como construir vilões Que temporada, senhoras e senhores… Aliás, cara, agora que eu falei isso em voz alta, eu me dei conta de que eu só preciso de uma desculpa para fazer um vídeo inteiro sobre o Mercenário Eu preciso do seu aval Eu preciso que você escreva aí nos comentários uma única palavra: Sim

O encontro do Matt e do Dex no jornal é de tirar o fôlego, e o encontro deles no último episódio também E isso também é uma referência à Queda de Murdock, quando o Rei do Crime contrata um sósia pra vestir o uniforme do Demolidor Mas, nesse caso, a série conseguiu explorar esse elemento de forma muito mais rica Cada encontro dos dois foi muito bem construído, muito bem coreografado, sem parecer um balé, como aconteceu com a série do Punho de Ferro Aquilo lá foi uma decepção

Porém, na minha opinião a luta mais pegada de toda essa série foi quando o Matt está tentando sair daquela prisão em que ele encontrou um informante Velho, o que foi aquilo? O cara simplesmente teve que lutar com toda a cadeia, não apenas os internos mas também os policiais corruptos Essa cena com certeza é uma referência àquela cena que a gente já citou da primeira temporada, com a luta no corredor

Mais uma vez é uma cena em plano-sequência, totalmente brutal e, se você for notar, ela é dividida em pequenas séries de luta Eu vou dizer uma coisa para você, mesmo sabendo que tinha mais episódios depois desse, naquele momento eu pensei que ele pudesse acabar morrendo E nessa temporada, na qual praticamente todos os personagens desceram até as trevas, nós temos o nosso queridíssimo Foggy Nelson como um farol no meio da escuridão, alguém que mantém a esperança, que consegue manter a leveza e o otimismo E em todos os momentos em que ele aparece, a gente se dá conta de como isso é importante Assim como a Karen, mesmo completamente aterrorizado, ele segue fazendo o que precisa ser feito, o que ele acredita ser o certo

Uma das coisas que eu gostei muito em matéria de visual e que eu acho que faltou nas outras temporadas foi aquela dualidade do demônio cercado por todas aquelas imagens sacras, da igreja na qual o Matt estava escondido Isso deixou a série visualmente muito forte Um demônio escondido entre estátuas de anjos, vitrais de santos, questionando a sua própria fé e se perguntando se poderia existir realmente um desígnio maior pra ele Olha que coisa forte isso, velho Um católico fervoroso, escondido na casa de Deus, mas sabendo que a única forma de resolver as coisas e proteger os inocentes é planejando e executando um pecado mortal

O pior pecado de todos, a morte de uma pessoa A morte de Wilson Fisk E nós, como público, também somos conduzidos pelos roteiristas de forma que a gente não consiga ver outra saída É brilhante E, cara, a gente tem essa última cena que é mais uma referência a um acontecimento dos quadrinhos

Embora não seja da queda de Murdock A gente viu que o Dex acabou ficando paralisado depois de ter sido acertado pelo rei do crime Nessa última cena nós vemos um médico que é citado como dr Oyama Kenji Oyama nos quadrinhos É um cientista que tinha ficado obcecado por criar super soldados para o Japão Ele descobriu uma forma de combinar o adamantium com os ossos de seres humanos

Ele, aliás, é o inventor desse procedimento, que acabou sendo roubado e deu origem aos experimentos do programa do super soldado, que criou o Wolverine Nos quadrinhos, o doutor Oyama também usou O Mercenário como paciente, quando o vilão teve a sua espinha quebrada Ele conseguiu injetar Adamantium nos ossos do Mercenário, Aqui na série ele não fala sobre Adamantium por conta dos direitos sobre esse elemento que pertence aos X-Men, e mesmo com a compra da Fox pela Disney, ainda não parece estar liberado Ele cita ao invés do adamantium, o cogmium, que é um metal menos conhecido dos quadrinhos da Marvel Ou seja, se você curtiu O Mercenário nessa terceira temporada, pode ficar tranquilo porque ele vai aparecer em algum momento no futuro totalmente turbinado

Coisas que NÃO funcionaram na minha opinião foram muito poucas e muito pequenas Com uma única exceção Não havia a necessidade de se ocupar dois terços de um episódio para contar a história de origem da Karen Page Eu achei aquilo chato, podia ter sido feito de uma forma mais breve Isso é outra referência à Queda de Murdock

Só que no quadrinho o Frank Miller não teve pena da personagem Na história, ela se tornou uma viciada em drogas, que se prostitui e acaba vendendo a identidade secreta do Matt por uma dose de heroína Muito punk, né? Na série, os caras tentaram reproduzir essa ida ao fundo do poço, mas não conseguiram deixar a mesma impressão que o Frank Miller deixou Tirando isso, cara, eu não sei mais o que eu poderia dizer de ruim Na minha opinião, e essa é a minha opinião pessoal, certo, essa terceira temporada do demolidor é a coisa mais inteligente, bem escrita e bem executada que já foi feita em matéria de séries de televisão de Heróis ou super-heróis

O que os caras conseguiram realizar nessa temporada é simplesmente o estado da arte em matéria de narrativa Dessa forma, se você ainda não assistiu a essa terceira temporada do demolidor na Netflix Em primeiro lugar, eu não sei porque você assistiu a esse vídeo, porque você acabou de tomar todos os spoilers do mundo Em segundo lugar, se a minha opinião vale de alguma coisa para você, pode assistir sem medo de ser feliz porque eu realmente achei a melhor temporada do Demolidor