STAR TREK DISCOVERY | REVIEW DA PRIMEIRA TEMPORADA – NETFLIX – Jujuba ATÔMICA

Eu sempre acreditei que o mundo se torna um lugar melhor quando nós temos uma série de Jornada nas Estrelas sendo produzida E hoje é dia de fazer o review da primeira Temporada de Star Trek Discovery

Agora mesmo, então se liga aí! Oi, eu sou Gustavo Cunha, e antes de qualquer coisa eu queria dizer que nós vamos falar sobre a primeira Temporada de Star Trek Discovery, então se você ainda não terminou de assistir a série, Talvez seja o caso te deixar para ver esse vídeo depois, porque ele pode ter alguns Spoilers, certo? Em primeiro lugar, eu sei que essa foi uma série que dividiu opiniões Muitos dos fãs mais fervorosos de Jornada nas Estrela não gostaram de vários aspectos dessa nova série, como algumas caracterizações e até mesmo o fato de uma franquia que sempre teve um viés mais científico, exploratório, ter apresentado uma série aparentemente focada na guerra Isso seria Star Wars e não Star Trek Eu me considero um grande fã de Jornada nas Estrelas, eu costumava assistir as reprises dos episódios com o meu pai quando eu era criança e depois continuei assistindo todos os spin-offs, a Nova Geração, Deep Space Nine e Voyager E eu sempre tive muita curiosidade de conhecer esse momento histórico em particular da Federação Unida dos Planetas

O momento mais sombrio da Federação, o momento agudo da guerra contra os klingons E foi exatamente isso que a série me deu É desse momento histórico em particular que essa primeira temporada de Discovery trata Uma coisa que eu achei particularmente interessante nesse sentido foi como a série mostra os danos que a guerra causa não apenas de forma estrutural mas também aos princípios básicos da sociedade… de qualquer sociedade Nós vimos nesse último episódio que a Federação concebeu um plano para simplesmente aniquilar uma raça inteira, os klingons

Nada poderia ir mais contra os valores da Federação do que isso, e mesmo assim, os tempos se tornaram tão desesperadores que eles tomaram essa decisão, por um momento a única opção de sobrevivência era colocar de lado os valores sobre os quais essa nova sociedade foi construída Essa talvez seja uma das faces mais cruéis da guerra, ela desperta o que existe de pior em todos nós E se você for pensar, nos Estados Unidos onde a série é produzida, esse é um tema extremamente relevante Eles vivem um momento de divisão interna gigantesco, com uma parcela cada vez maior da população questionando os métodos e as decisões do seu próprio governo, enquanto a indústria bélica, que é um dos carros-chefes da economia, continua pressionando para que as coisas se mantenham exatamente do jeito que estão Porque se as coisas mudarem, ia ser um desastre para a economia

Sendo assim, uma série que sempre se comprometeu a ser um reflexo do que acontecia na sociedade do seu tempo, não poderia deixar de abordar essa questão também Do militarismo, das segundas intenções que se escondem por trás de cada decisão do governo Além disso, outra questão abordada que é cada vez mais relevante mundo a fora é sobre a intolerância, a guerra que cerca a diversidade cultural em oposição à preservação dos costumes e das tradições Os Klingons pregavam a pureza cultural, que segundo eles era ameaçada pelos valores da mistura de culturas da Federação Assim como no universo paralelo, o Império Terráqueo travava a mesma batalha sob a mesma bandeira com relação às outras raças da galáxia

Isso é uma coisa que a gente vê principalmente na Europa nos dias de hoje e realmente não é uma questão fácil Só para situar você sobre em qual parte da linha do tempo de Star Trek essa série Discovery se passa Os eventos que nós vemos na primeira temporada se passam 10 anos antes de James T Kirk assumir o comando da Enterprise E um dos principais acertos the Discovery é que essa série se comportou como uma série de televisão do século 21, em termos narrativos e visuais, trazendo vários elementos de outras histórias clássicas como Game of Thrones, no momento em que aborda a questão das disputas internas no império klingon mais profundamente

Passando pelo clássico dos clássicos, Duna do Frank Herbert, do qual eu já falei aqui no canal, trazendo uma questão mais metafísica com a rede micelial e com o Stamets assumindo um papel idêntico ao papel dos navegadores da Guilda Espacial do livro, que tinha o monopólio das viagens espaciais, e faziam isso através de uma ligação com o melange que vinha do planeta Arrakis E tudo isso com uma pitada de Battlestar Galactica, que nas suas duas versões foi uma série fantástica, mostrando o desespero da humanidade no que pareciam ser os seus momentos finais E mesmo com tudo isso, essa série continuou sendo 100% Jornada nas Estrelas, inclusive pelo questionamento que levou a série por toda a temporada, com a tripulação constantemente se perguntando: Afinal de contas, o que nós somos? Nós somos exploradores ou nós somos soldados? Aliás, esse é um outro aspecto que eu gostei muito nessa série Os personagens não são nem totalmente bons nem totalmente maus Nem os heróis e nem os vilões

Os vilões, como a L'Rell, a Imperatriz Georgiou e o queridíssimo Gabriel Lorca, que eu achei sensacional, eram capazes de ter momentos de compaixão Assim como os herois, como a Michael e o doutor Stamets, também podiam demonstrar traços de arrogância e de egoísmo No que diz respeito aos personagens essa temporada foi um círculo completo de declínio e redenção da personagem Michael Burnham, que iniciou lá no primeiro capítulo deixando o que os traumas e a raiva que ela sentia com relação aos klingons atrapalhassem o seu julgamento em um momento crucial, que acabou fazendo com que o quadrante inteiro entrasse em guerra Embora a gente soubesse desde o começo que essa era exatamente a intenção dos Klingons E nesse último episódio, a personagem é colocada exatamente na mesma posição, mas dessa vez acaba fazendo uma escolha diferente, o que em última análise leva não apenas a uma paz relativa para o quadrante, mas também à paz que ela mesma encontra em relação aos seus próprios demônios

E assim tanto ela quanto a série podem seguir adiante Mas um dos meus personagens preferidos até o fim foi o capitão Gabriel Lorca E eu digo até o fim, porque mesmo depois que ele se revelou como um vilão, ele continuava tão carismático quanto antes Eu realmente fiquei triste de ver ele morrer Antes da revelação da verdadeira identidade do Capitão Lorca, ele se mostrava interessante por ser completamente diferente de todos os capitães que nós tínhamos conhecido até hoje, alguém com um senso de responsabilidade tão profundamente arraigado que seria capaz de colocar a sua própria tripulação em risco pelo bem de uma missão

Por mais que isso não seja uma coisa admirável em um capitão da frota estelar, isso com certeza tornava ele um personagem extremamente interessante, uma espécie de capitão Ahab perseguindo a sua própria baleia branca… só que nos confins do espaço E depois da revelação da verdadeira identidade, ele continuou igualmente interessante justamente pelo fato de nós nunca termos chegado a saber o quanto ele realmente se importava com a Michael e com a tripulação da Discovery O quanto de luz e o quanto de trevas existia nele, a gente nunca vai saber E se você for pensar, essa dialética sempre esteve presente em Jornada nas Estrelas E eu não ficaria surpreso se o Gabriel Lorca do nosso universo acabasse aparecendo na próxima temporada

Eu ia ficar muito feliz Eu acredito que o oficial Ash Tyler possa acabar voltando na segunda temporada, porque, ao contrário do que ele mesmo acredita, ele agora é um espécime único, capazes de se tornar a ponte Entre Dois Mundos, a Federação e o recém unificado Império Klingon Porque ele agora tem a capacidade única de ver as situações pelo ponto de vista particular de cada um dos lados O comandante Saru também é um personagem muito interessante Se você for no notar, é extremamente curioso que um Kelpiano, de uma raça cuja característica mais conhecida e relevante é a de reagir ao medo, farejando o perigo, é agora o capitão interino da nave mais poderosa da Federação

É quase a mesma situação da Jessica Cruz, a nova lanterna verde dos quadrinhos, que tem síndrome do pânico, uma condição que trava você e, mesmo assim, ela porta um anel movido a força de vontade Porque na verdade esse dois personagens tratam justamente disso, né? Da vontade sobrepujando o medo Nesse final de temporada uma personagem que me cativou particularmente foi a Imperatriz Georgiou, que com certeza vai estar de volta em uma segunda temporada E o grande lance sobre ela é que talvez nós possamos ter ainda uma jornada de redenção, porque nesse último episódio fica claro que ela é única e exclusivamente um produto do meio em que ela foi criada Ela não é má por natureza

E por fim, a oficial Tilly, que é simplesmente um doce, né? Não tem como não adorar ela Aquele episódio em que ela teve que se passar pela sua relativa do outro universo foi simplesmente sensacional Sobre a narrativa dessa primeira temporada, a partir do momento em que o motor de esporos leva a Discovery para o universo paralelo, a série engrena e dá uma guinada, na minha opinião Ela engata em uma crescente e só vai acelerando até o último episódio Eu achei muito legal

E aquele final com a chegada da Enterprise do Capitão Pike foi simplesmente sensacional O gancho perfeito para deixar pessoas como eu babando pela próxima temporada Cara, imagina todas as possibilidades, todos os personagens da série clássica que podem acabar dando as caras daqui para frente A chegada da Enterprise naquela cena final é basicamente uma declaração de que isso vai passar acontecer daqui para frente Porém, Star Trek Discovery apresenta alguns pontos contraditórios em relação ao cânone oficial que os fãs estão acostumados

Em primeiro lugar, nunca havia sido citado antes um estágio de conflito entre a Federação e os klingons no qual os klingons tivessem praticamente dominado todo o quadrante, tendo eliminado uma boa parte da frota da federação Quando a Discovery voltou do universo paralelo, eles acabaram chegando 6 meses depois de terem partido e encontraram o quadrante Alfa completamente tomado pelos klingons Pelo que eu sei, um momento como esse nunca foi relatado e nenhuma das outras séries Mas tudo bem, nós sabemos que a guerra com os klingons foi um momento bem traumático na história da Federação E os klingons ter chegado até o nosso quintal, quase eliminando de vez a Federação, só reforça o cânone, certo? Outro aspecto que bate de frente com o cânone de Star Trek é o motor de esporos

Uma tecnologia tão revolucionária como essa não poderia simplesmente ser abandonada em favor da boa e velha velocidade de dobra Eu sei que Discovery está alargando os horizontes da franquia, trazendo mais elementos para a mitologia e isso é sensacional Mas, em algum momento, eles vão ter que explicar porque essa tecnologia não foi mais usada na época do capitão Kirk ou mesmo do capitão Jean-Luc Picard Mas isso também não é uma coisa difícil de transformar em cânone O processo que envolve o funcionamento do motor de esporos, envolve em última análise uma interface consciente, atualmente um ser humano

Esse é um processo extremamente perigoso, que pode acarretar danos permanentes Além disso, nós já sabemos que o motor de esporos pode danificar a rede micelial, que mantém universo e o próprio tecido da realidade coesos Sendo assim, talvez não valha a pena correr o risco de danificar a rede micelial, e com isso a Federação tenha abandonado o projeto do motor de esporos, e inclusive tenha tornado todos os dados a respeito das Missões da Discovery confidenciais Poderia ser por isso que nas outras séries ninguém fala e motor de esporos Essa primeira temporada encerra essa parte mais aguda do conflito com os klingons, e abre espaço para que as próximas temporadas mostrem um caminho de reconstrução e aquele olhar mais otimista que sempre foi uma característica da série, aquele momento de exploração pura no qual nós encontramos pela primeira vez o capitão James Tiberius Kirk

E o maior mérito de Star Trek Discovery é que essa série vai trazer muitos fãs para franquia, que vão passar a se interessar pelo que aconteceu antes e depois do espaço de tempo em que essa série se passa Esses fãs vão procurar as outras séries e vão descobrir como essa franquia é grande e rica e cheia de otimismo E isso é uma vitória para todos nós, fãs de Jornada nas Estrelas Na minha opinião, como um fã de Star Trek que assistiu aos episódios e os filmes da Série Clássica, assistiu aos episódios e os filmes da Nova Geração do capitão Picard e era completamente fissurado por Star Trek Voyager, da Capitã Janeway, o saldo entre o que foi bom e o que foi ruim em Star Trek Discovery é extremamente positivo É claro que houve alguns momentos estranhos, e eu considero isso normal em uma primeira temporada, mas no todo eu realmente adorei a série e vou estar esperando ansiosamente pela segunda temporada

Mas eu quero saber de você, o que você acha dessa primeira temporada Deixa o seu comentário aqui embaixo, pra todo mundo ficar sabendo, certo? E por hoje era isso, eu espero que mesmo assim você tenha gostado do vídeo Não esquece de compartilhar ele porque isso me ajuda demais a divulgar o canal e a manter ele no ar E eu queria também convidar você para se inscrever no meu Instagram eu tô sempre colocando várias fotos por lá, se você quiser conhecer um pouco mais sobre o meu outro trabalho como músico, você é meu convidado

Cara, uma vez mais muito obrigado e tenha uma vida longa e próspera!