MUDO – Crítica do Filme Original Netflix – Nerd Rabugento

BEM VINDOS a mais um episódio do Nerd Rabugento, eu sou Rodolfo Castrezana e agora você vai assistir ao vídeo sobre MUDO, a nova ficção científica da Netflix dirigida por Duncan Jones, com Alexander Skarsgård no papel do mudo e Paul Rudd no papel de Cactus Bill, o vilão Em uma Berlim de um futuro não muito distante um Bartender amish mudo chamado Leo, que vive em um mundo cheio de tecnologia e se recusa a usar essa tecnologia por ser amish

Ele vive com a namorada Naadirah, que trabalha no mesmo bar que ele e os dois tem uma vida tranquila, até que Naadirah desaparece e Leo parte em para resolver o mistérios da namorada desaparecida Alexander Skarsgård é um ator interessante, que mesmo mudo consegue transmitir emoções apenas com os olhos E a Netflix continua a investir em ficção científica, e isso é muito bom A Netflix continua a investir em ficção científica ruim, e isso é ruim O ritmo é péssimo, e tudo fica mais confuso ainda com um péssimo roteiro cheio de cenas que não serve pra absolutamente nada

Não existe perigo Não existe tensão Não existe medo O personagem principal não parece personagem principal A produção parece não ter a menor idéia de como construir um mundo, a gente não consegue captar a identidade do universo em que se passa a história

Mais um filme que parece se passar no universo de Blade Runner São duas horas arrastadas, você vai se sentir como se tivesse assistindo a um filme de quatro horas Se você gosta muito, mas muito mesmo de filmes que se passam nos futuro, mas muito mesmo, e não se importe com o roteiro confuso e perdido, aí ok, talvez valha Mas se você tem coisa melhor pra fazer, coloque Mudo naquela lista da Netflix cheia de filmes que você nunca vai assistir pra assistir depois Esse é o quarto filme de Duncan Jones e eu não entendo muito bem o hype em torno dele

Quero dizer, eu entendo, ele é filho do David Bowie e isso com certeza abriu algumas portas, mas eu estaria sendo injusto se apoiasse esse pseudo sucesso apenas em seu pai famoso Seu primeiro filme, Lunar, é bonitinho, um astronauta meio paranóico que depois de cumprir sua missão de três anos em uma base na Lua está próximo de voltar para a Terra, quando descobre que ele é apenas um clone, trocado de tempos em tempos Não me venha encher o saco dizendo que eu fiz spoiler que Lunar é um filme de 2009, você teve tempo suficiente para assistí-lo, não seja essa pessoa, por favor E eu sei que você que acompanha o canal há muito tempo sabe que comigo a regra é de uma semana de spoiler Passou de uma semana não tem mais problema fazer spoiler

Em filme, em série a gente espera um pouco mais Mas voltando ao Lunar, foi um filme simpático, barato, minimalista, que ganhou vários prêmios, um começo interessante para um diretor iniciante, apesar de eu achar bobinho e previsível Depois ele dirigiu Contra o Tempo, uma ficção científica ao estilo Feitiço do Tempo, em que um soldado fica indo e voltando para investigar um ataque terrorista dentro de um trem Diferente de Moon, o roteiro de Source Code não é de Duncan, e é um filme divertido que passou meio fora do radar Aí veio a grande bomba: Warcraft

World of Warcraft é um jogo online gigantesco, com uma enorme legião de jogadores e fãs, e foi uma aposta da Blizzard e da Legendary Pictures Inicialmente Warcraft era para ter sido dirigido por Sam Raimi, diretor de Evil Dead e da primeira trilogia do Homem-Aranha da Sony Raimi teve uns problemas e a direção caiu no colo de Duncan Jones, que dirigiu e ajudou a escrever o roteiro Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos foi uma tremenda bomba Apesar de ser primeiro e único filme baseado em vídeo game a passar os 400 milhões de dólares em bilheteria, foi um fracasso de crítica e público e não chegou a se pagar, e a Blizzard nunca mais tocou no assunto de fazer uma continuação

Geralmente quando um filme vai mal, a culpa cai no diretor, que nesse caso foi diretor e roteirista e eu jurava que a carreira de Duncan começava a fazer água Aí surge Mute O projeto era ambicioso, desde 2011 Duncan fala sobre ele, iria lançar uma Graphic Novel desenhada por Glenn Fabry, pela Dark Horse, que nunca chegou a ser publicada, que depois viraria um filme Duncan chegou a dizer que Mute seria a continuação espiritual de Lunar Ô

Amigos, fazia tempo que eu não assistia a um filme tão confuso, arrastado e desastroso A premissa de Mute até é interessante, um amish mudo que precisa resolver um mistério sem usar as tecnologia de um mundo tecnologicamente avançado Mas de que adianta a premissa ser interessante se a história é terrivelmente mal construída, mal escrita, confusa e sem graça? A namorada some e o mudinho parte atrás dela, enquanto rolam tramas paralelas sobre um cirurgião que é o vilão da história e um monte de coisa acontece e nada parece ligar com nada, e os personagens também não se conectam e a gente fica meio boiando Exemplo, o mudinho tá namorando a garçonete há um tempão mas são tão mal desenvolvidos que a gente descobre do nada que um não sabe nada sobre a vida do outro Ele a ama, ela não o merece, ele não sabe nada além da comida preferida dela e existe uma garagem secreta onde ele constrói móveis e peças de madeira que ela não sabia que existia

E pior, essa garagem secreta não acrescenta nada pra história Ah, o roteiro, que bagunça Eu fiquei com a nítida impressão de que o Duncan e o Michael Robert Johnson, roteirista do terrível Pompéia, foram tendo idéias, "olha, agora ele faz isso", "ah, e se agora ele fizesse aquilo", "véi, tive uma idéia: e se a gente chamasse o vilão de Cactus Bill?" Aí pegaram esse monte de idéias aleatórias e tentaram juntar como se fosse um roteiro e tudo ficou uma enorme porcaria disforme e que se você pensar bem não serve nem pra contar a história, nem para desenvolver personagens e nem para entreter o espectador Tipo a cena em que o Cactus Bill briga reclama em uma cafeteria por não terem garçonetes Que cena patética, sem sentido

Outra é a que o mudinho precisa falar com uma máquina para pedir comida e a máquina não tem opção de escrever, só de falar E a insistência em mostrar como o Cactus Bill trata mal o seu parceiro Duke Véi, o público entendeu na primeira vez Não precisava que ele maltratasse o cara mais cinco ou seis vezes pra gente captar a mensagem E tem ainda o lance do Bill passar metade do filme a procurar uma babá para a sua filha

Metade do filme vai nesse arco! São cenas que não acrescentam absolutamente nada para a história e só servem para jogar nosso precioso tempo no lixo E isso se repete o tempo todo Talvez se tivessem um editor com culhões que chegasse para o Duncan e falasse "eu vou salvar seu filme, mas a gente precisa cortar metade das porcarias que você filmou" Mute poderia ser um produto muito melhor A não ser pelo mudinho, o público não consegue desenvolver empatia por nenhum dos outros personagens, nem mesmo pela menininha fofa, e mesmo assim a participação do mudinho é tão diluída que eu fiquei na dúvida se ela ele ou o Cactus Bill o personagem principal de Mudo Duncan não é um diretor ruim mas é um péssimo roteirista

Tenho que dar o braço a torcer e dizer que ele é bom nos detalhes Como o enquadramento em uma bola de boliche com um dado gigante dentro, que é o melhor de todo o filme, ou os capangas estátua com olhos brancos, só que isso tudo é pequeno demais perto dos grandes problemas O roteiro não exigia muito de efeitos especiais e o cenário parece ter sido reaproveitado da série Altered Carbon, o que dá a impressão de que Mute é um filme barato E até deve ser, perto dos 90 milhões de dólares que custou a outra bomba da Netflix, Bright Mas não que barato seja ruim, pelo contrário, tem muito filme barato por aí que se aproveita para preencher a falta de dinheiro com criatividade

P que não é o caso de Mute! Nem os atores ajudam muito Paul Rudd faz um Cactus Bill vilanesco e ridículo Com bigodão, cara de mal, piadas toscas, é um pai bonzinho que não quer que a filha beba refrigerante, o personagem tem muita informação e pouca ação E enquanto Cactus Bill tem muita informação, os outros não tem quase nenhuma Não sabemos nada sobe Naadirah, a namorada do mudinho, sabemos quase nada sobre Duke, a informação principal é a que ele é um pedófilo, o resto não importa

Apesar de sabermos muito sobre Bill, o personagem principal é Leo, o mudinho, e tudo o que o filme nos informa é que ele é mudo e sabe nadar Skarsgård até consegue transmitir emoções sem se utilizar de palavras, e ele é muito bom nisso Mas de que adianta se a jornada do seu personagem é ruim? Leo começa como um garoto tímido com um suspensório que lembra Dênis, o Pimentinha, todo inocente e com olheiras e termina como um Rick Deckard que transou com o Steven Seagal Mute só é a continuação espiritual de Lunar na sua cabeça, né Duncan Jones? Eu sei que você que tá assistindo este vídeo vai acabar por assistir a Mudo, que tá na Netflix, você tá em casa sem fazer nada, qual é, né? Vamos colocar lá pra ver Eu te entendo Eu também faço essas coisas de vez em quando Mas esteja avisado, vai chegar um determinado ponto do filme que você vai se pegar pensando "que coisa chata, bem que Nerd Rabugento me avisou" Pois é

Eu avisei Eu comentei que Duncan Jones dirigiu o filme Contra o Tempo, uma ficção científica sobre Colter Stevens, um piloto de helicóptero da marinha americana que tá no Afeganistão que acorda em um trem em Chicago e não tem a menor idéia de como foi parar lá No trem há uma mulher chamada Christina, que o chama de Sean, ele fica desorientado, vai para o banheiro, descobre que é outra pessoa pelo reflexo do espelho e não entende o que acontece e de repente o trem explode A sequência inicial é bem filmada, entrega a tensão na dose certa e prende o espectador pelo resto do filme, e mesmo que não seja o melhor filme de ação de todos os tempos cumpre bem o papel de divertir o espectador Se tem uns furos de roteiro e de lógica, tudo bem, as cenas de ação e o ritmo são tão bons que você nem vai se importar com isso, tenho certeza

É o trabalho mais divertido de Duncan até agora, mas infelizmente não está disponível na Netflix, no momento A dica que eu dou é: se encontrar Contra o Tempo em algum lugar da internet, assista O Nerd Rabugento não dá dica ruim O cara só tem quatro filmes no Curriculum, tá longe de ser um diretor estabelecido e mesmo assim tem um tremendo hype em torno dele SER FILHO DO DAVID BOWIE FEZ DIFERENÇA NA CARREIRA DE DUNCAN JONES? Deixe a sua resposta nos comentários, se inscreva no canal e deixe o seu joinha, o seu dedo não vai cair se você fizer isso

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