BLADE RUNNER 2049 – Crítica do filme – Nerd Rabugento

Hoje é dia de falar sobre Blade Runner 2049 Todo mundo já viu? Porque eu vou soltar uns spoilers neste vídeo, esteja avisado

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Um filme noir com detetives em casacos de chuva e femme fatales que se passava 40 anos no futuro era exatamente o que ele procurava e ganhou o título de Blade Runner, emprestado de outro projeto de outro escritor – William S Burroughs, que nunca saiu do papel Assim nascia Blade Runner, um clássico do cinema de ficção científica Só que nem tudo funcionou como esperado O lançamento do filme foi um fracasso de público e de crítica, e Blade Runner foi relançado dois meses depois com um novo corte, novas cenas, sem narração em off

Acontece que o filme foi lançado duas semanas depois de ET O Extra-Terrestre, e isso destruiu as chances de uma boa bilheteria Mas curiosamente criou uma legião de fãs, e foi redescoberto com o advento do vídeo-cassete Christopher Nolan foi um desses fãs, que redescobiu o filme fita, tendo emprestado uma fita pirata de um professor E o próprio Nolan assume que sua Gotham City tem muito de Blade Runner Em 1989 Blade Runner se tornou um sucesso de vendas em laser disc, e diversas versões surgiram no cinema

Eu mesmo acho que vi umas três ou quatro E pra mim pareciam todas iguais, que ninguém me ouça E a obra de Philip K Dick se tornou figurinha carimbada no cinema de ficção científica, com Minority Report, O Vingador do Futuro, O Homem Duplo e Agentes do Destino A série The Man in the High Castle e a coletânea Electric Dreams mostram que a obra dele está cada vez mais viva

Mas e a Blade Runner 2049, Castrezana? Você enrolou, enrolou e não falou nada sobre o filme Não falei pois achei importante ilustrar o quão influenciador Blade Runner é para a história do cinema, e justamente por essa importância que me faz perguntar: Precisávamos mesmo de um novo Blade Runner? Blade Runner tem o seu lugar no panteão das grande obras do cinema e mexer nisso geralmente é um mal sinal, tá aí Alien: Covenant e Prometheus que não me deixam mentir E Ridley Scott tá gagá, fez muita merda nos últimos anos e trazer Blade Runner de volta só me passava a sensação de que ele estava atrás de mais um caça-níqueis para pagar as contas deixadas pelos seus últimos fracassos Não, não precisávamos de um novo Blade Runner Mas se vão fazer, que façam direito

Denis Villeneuve é o Christopher Nolan do momento, seus filmes tem chamado a atenção do público é ele realmente não deixava de ser um ótimo nome para dirigir essa continuação desnecessária Pelo menos me dava a impressão de não ser apenas um caça-níqueis, pois a obra de Villeneuve mostra que ele é mais que isso E ele fez bem o seu trabalho Junta-se a ele o lendário diretor de fotografia Roger Deakins, Ryan Gosling, o ator mais queridinho do momento, e temos aparentemente um grande time Ridley Scott parece ter deixado Villeneuve trabalhar e Blade Runner 2049 parecia ter tudo pra ser perfeito

E quase é Quase Antes que vocês comecem a jogar pedras em mim, deixo claro que eu gostei bastante de 2049 e que é um dos melhores filmes para ver no cinema em 2017 É belíssimo, estruturalmente bem desenvolvido, com uma ótima fotografia e boa trilha sonora (apesar da música dos créditos me dar vontade de sair correndo do cinema), as cores do filme enchem os olhos em diversas sequências e os atores entregam boas atuações 2049 consegue expandir o universo Blade Runner de maneira bem positiva, eu imaginava que não conseguiriam entregar uma continuação com um clima tão parecido com o original, 35 anos depois

Diferente de Star Wars ou Jurassic World, que foram apenas refilmagens do original com cara de continuação para servir de reboot, Blade Runner 2049 se estabelece realmente com uma continuação que anda com as próprias pernas, mesmo que obviamente se veja obrigado a se apoiar no original para validar a maioria dos seus conceitos Mas nem tudo é perfeito Enquanto eu assistia ao filme o roteiro quase me fez desconectar da belíssima viagem visual Ao separar o enredo do resto do filme fica bem claro que temos um filme sensacional com uma história medíocre Eu ia fazer o vídeo sem spoilers, mas eu preciso falar sobre o que me incomodou

O lance aqui é que o agente K descobre que os replicantes antigos podem se replicar Entendeu? Replicantes que replicam Ele descobre que o Deckard transou com a Rachael e tiveram um filho ou uma filha, e aí a chefe dele diz que eles precisam eliminar esse ser pois se o mundo descobrir isso vai ser o fim da civilização como conhecemos Isso eu achei uma bosta Tipo, uma bosta mesmo

O filme me imergiu no universo de Blade Runner e seus replicantes, eu tava felizinho, mas que porra foi aquilo? Replicantes que podem ter filhos? Ah, pára, véi Essa é a informação que serve para mover o enredo, ok Nosso herói, K, precisa descobrir quem é o replicantezinho, esse é o mistério do filme e o objetivo dele Só que quando o filme acaba a informação de que os replicantes podem se replicar não serve pra absolutamente nada Ela morre, desaparece, puff! Temos aqui o que se no cinema chamam de MacGuffin

MacGuffin é um elemento no enredo de um filme que existe apenas para fazer a história andar, mesmo que ele não sirva pra nada no final É apenas algo que todos os personagens procuram durante uma história mas que não serve pra nada Nada Aí temos do outro lado o grande vilão que quer por que quer essa nova descoberta, pois o seu antecessor conseguiu criar replicantes que replicam, algo que ele não chegou nem perto, e ele precisa encontrar o MacGuffin para fazer uma engenharia reversa e descobrir o segredo do cara Blade Runner 2049 é um puta filme legal de assistir, que mergulha o espectador com maestria em um universo único e extremamente importante para a história do cinema com uma história

patética É o exemplo perfeito de forma em detrimento da substância O roteirista, Michael Green, foi o cara que escreveu Lanterna Verde, Logan, Alien: Covenant e American Gods

Diga-se de passagem, eu não sei como o cara conseguiu emprego depois de Lanterna Verde e, pior, ele entregou outra grande porcaria depois com Alien: Covenant Mas pelo menos em Logan e American Gods ele fez um trabalho razoável O problema é que Blade Runner 2049 não tem uma nova história que faça jus ao tamanho do nome Blade Runner É aquela bobagem que todos nós vimos trocentas outras vezes, e fica claro que enquanto os deuses de Hollywood tiveram o dom de unir um dream team com grandes atores, um ótimo diretor e um diretor de fotografia incrível, faltou encontrarem um bom roteirista Eu não sou fã do Denis Villeneuve, acho que falta um pouco identidade no seu trabalho – de vez em quando eu acho que ele tenta ser o David Fincher, mas não tenho como negar que ele é um bom diretor

Ele dá um ritmo lento ao filme, às vezes lento demais, mas esse era o ar noir do original, e o Villeneuve tem o mérito de ser um diretor que sabe como fazer uma história seguir numa linha constante Roger Deankins já se estabeleceu como um diretor de fotografia que vai além disso: se tornou figura da cultura pop Quem gosta de cinema fica mais tranquilo quando vê o nome do sujeito na produção de um filme, e esse Blade Runner arremessa o espectador no mundo que ele esperava estar Só falta agora o cara ganhar um Oscar Ryan Gosling se mostra como o ator mainstream mais cult de sua geração e transmite toda a emoção que um replicante sem emoções com crise de identidade poderia transmitir

Ponto pra ele Dá pra sentir a dedicação do cara, e isso é bem legal Temos a incrível Ana de Armas, uma cubana que começou em Hollywood como a atriz bonitinha que aparecia nos filmes apenas para mostrar os peitos e conseguiu escalar seu lugar em grandes produções e, apesar de mostrar muito bem os peitos, seu talento vai muito além disso E vamos ser honestos: quem não compraria uma Joi se tivesse a oportunidade? Eu compraria Jared Leto parece que faz só uma ponta no filme

Fiquei com a impressão de que se ele não aparecesse não faria nenhuma falta Parece que ele desaprendeu a atuar depois de ser chamado para fazer o Coringa E pior, nem um fim decente o seu personagem teve E a Luv, a replicante capanga do mal interpretada pela bela mas pouco carismática Sylvia Hoeks é apenas mais um capanga do mal que não oferece nada de novo Parece que temos uma geração de filmes que sofre da falta de bons vilões

Eu diria que o último grande vilão do cinema foi Anton Chigurh, interpretado por Javier Barden, em Onde os Fracos não Têm Vez E olha que isso já tem dez anos Harrison Ford interpreta Harrison Ford, pra variar, mas carisma é a marca do ator O problema aqui é a demora até ele aparecer na tela, o público com certeza vai sentir sua falta, mas depois que ele entra em cena parece que tudo se torna um pouco mais Blade Runner Ou não Preciso reclamar que eu senti que o Deckard de Blade Runner 2049 se parece muito pouco o quase nada com o Deckard original

Passa longe daquele sujeito cool, introspectivo e determinado da versão de 1982, é uma versão mais agitada, mais moderninha Seu personagem surge na última meia hora apenas para mover o MacGuffin, aquele nada, e criar uma falsa sensação de filme de ação, numa tentativa de enganar o espectador e deixar toda a monotonia e a lentidão das duas horas anteriores pra trás Pois é, Blade Runner 2049 é lento e monótono, assim como era o original Mas filmes policiais noir tem como elemento esse ar de monotonia, faz parte do gênero E esse novo peca pela mesma falta de empatia pelos personagens

Demora quase meio filme para o público se conectar com o K, se importar com ele O K é a história, o enredo é fechado nele até o momento em que não é mais fechado nele Sua jornada é breve e simples, eu acho que ele merecia mais O interesse nele cresce com o desenvolver da história, e tem seu ápice e final num pequeno plot twist, quando a verdade é entregue pelo exército de libertação dos Replicantes É o momento pelo qual mais nós sentimos algo pelo personagem

Mas depois daquele momento tudo volta ao normal K é um bom personagem e bem interpretado por Ryan Gosling, mas nunca vai chegar ao patamar de um Deckard do primeiro Blade Runner Seu fim não me pareceu tão triste quanto deveria ser e, cá entre nós, faltou uma pomba branca voando naquela cena final Dito isso tudo, Blade Runner 2049 é um filme visualmente estonteante, que vale à pena ser visto em IMAX, que absolutamente NÃO precisa de 3D – eu vi porque era a sessão que tinha e eu não vi uma única cena com apelo visual que exigisse 3D, e Blade Runner 2049 vai te jogar de volta àquele universo do Blade Runner de 1982 Tem várias referências, mas a melhor é a da Rachael

Provavelmente é a melhor continuação de um filme desde Mad Max: Estrada da Fúria Mas merecia uma história melhor, melhor desenvolvida, que não se apegasse aos velhos clichés dos filmes ruins que estamos acostumados a ver e fosse além, e que impressionasse Qual a melhor continuação de filme que você já viu? Deixe a sua resposta nos comentários e não se esqueça de se inscrever para mais vídeos do Nerd Rabugento

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